1. |
E Entretanto
03:46
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Leve, puro e inocente, eu era então o crente
Para perder a crença e a inocência, coragem!
É a ousadia que merece, o mundo de repente,
De trás pr’á frente, o Universo é a Viagem
E entretanto?... E entretanto temos o oceano, o céu e a magia!
Que nos imbui um sonho, numa nuvem ancorado,
Que seja permitido um bocado, leve, e eu alinhado
Para lá do sono trilhando dentre briosas nebulosas,
Imensas e fabulosas, terei eu momento de prosas,
E entretanto?... E entretanto temos o oceano, o céu e a magia!
Encarando a manhã, e o seu rosto o espelho
seria poesia (ai como queria)
incendeia e sossega a alma, de joelho a joelho?
pelo trecho da maresia (ai como queria),
Céu limpo e poeira de ouro, na vista, à deriva,
P’ra cair dentre nuvens cinzentas, o fado dos itinerantes,
Guardo o respeito e a paixão, por qualquer coisa viva,
E sim ainda acredito nas coisas, inteiramente deslumbrantes
E entretanto?... E entretanto temos o oceano, o céu e a magia!
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2. |
O Corrimão para o Céu
04:42
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E um dia teremos parte do fragmento, apenas momento,
Esta escrita cadente é anseio pelo distante tesouro,
Que é vida, enquanto for acontecimento,
A enxurrada entregará o horizonte ao escoadouro,
O corrimão para o céu é aqui, neste momento
O corrimão para o céu é aqui, no acontecimento
Onde pedaços são cópias de homens partidos,
Procurem o cadáver do final fado,
Os vestidos brancos poentes retidos,
Respirando deste ar rarefeito, se calhar fui indo e indo
E passei-me ao lado
O corrimão para o céu é aqui, neste momento
O corrimão para o céu é aqui, no acontecimento
A envoltura duma silhueta entre um terno abraço,
Era uma a promessa de um eterno, eterno dar a mão,
Quando nem para um certo tempo havia sequer espaço,
Ainda há impressões digitais nas nuvens, neste corrimão,
Abram-me as veias e acordai os anjos, hoje serão alcançados,
Que haja luz para fazer das sombras amigas em belos bocados.
O corrimão para o céu é aqui, neste momento
O corrimão para o céu é aqui, no acontecimento
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3. |
Lembranças
04:12
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É preciso despertar o brilhante do firmamento,
Transparecer luzidio p’ra poder alumiar o dia,
Este aqui é o único instante, o único momento
P’ra poder trazer o brilho das estrelas e a magia
Escrevo-a dentre dedos cujas pontas são esticadas
Para o horizonte longínquo, porém no presente,
É assim que nascem asas destas costas arcadas
Mesmo quando regressa a chuva incipiente
Lembranças dormentes passando de mão em mão
É preciso reencontrar as horas outrora perdidas
Para finalmente retornar o nosso Sol amado,
Procurando as nuvens brancas além escondidas
Entardecendo a aurora num Luar versejado
Lembranças dormentes passando de mão em mão
Este aqui é o único instante, o único momento
P’ra poder trazer o brilho das estrelas e a magia
Lembranças dormentes passando de mão em mão
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4. |
Acorda Amigo
03:47
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Oh incrédulos, trago amor nas alcovas para partilhar,
Pois por vezes procuramos e não há tempo pr’a encontrar
Porque há quem idolatre a morte, a bruma e a tristeza,
Por vezes há momentos em que nem sequer há beleza,
Porquê, porquê?
É a natureza humana
Porquê, porquê?
Adormecer antes de acordar
Mas há espaço eterno sem importunar o infinito,
E perder o pouco que tínhamos num último grito,
Ver o revés da moeda, com o coração nas mãos,
É quando percebemos e deixamos cair todos os nãos,
Porquê, porquê?
É a natureza humana
Porquê, porquê?
Adormecer antes de acordar
É o tempo desperdiçado entre as partidas e as chegadas,
Por isso rio e choro tal Cavalo com as asas pregadas
A primeira em muito tempo, a minha única pertença
É a viagem que é do viandante tanto a cura como doença,
Porquê, porquê?
É a natureza humana
Porquê, porquê?
Adormecer antes de acordar
Ué amigo, vivo e cantante,
A lição da vida, é que passa num instante
Porquê, porquê?
É a natureza humana
Porquê, porquê?
Adormecer antes de acordar
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5. |
É Preciso Ir
04:03
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Este pedaço de mim é ruído e silêncio - o seu namoro,
O caminho vincado na pele nua, a cicatriz e os diademas,
O assobio despreocupado, o gesto com ou sem decoro,
Pois das potenciais prisões sou eu o portador de suas algemas,
Que são essa ânsia, essa vertigem irregular por si procurada,
A altura da falésia…
É um breve suspiro para o vazio, para o nó na garganta,
Caminhando ao meu lado, esta sombra tornada semblante,
Esperando as luzes de presença, o abraço de uma manta,
É a ode a Deus, a ode a vera beleza, a ode ao instante,
Que são essa ânsia, essa vertigem irregular por si procurada,
A altura da falésia…
Há poesia nesta passagem, é preciso ir e correr atrás do luar
Que são essa ânsia, essa vertigem irregular por si procurada,
A altura da falésia…
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6. |
Algemado
03:39
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Olhamos para dentro buscando a auréola exterior,
Era eu, o homem de mãos à cintura, a bravura,
De quem esperava o amanhecer do dia anterior,
Afastando ébano de marfim, acenando à alvura,
Pois sei que Deus espera por mim no final do trilhado,
Caminho procurando a libertação do coração (algemado)
Vou seguindo o pássaro negro para casa, o lugar
Que é apelido e onde descanso os ossos enfim,
Pressiono a cara contra a vidraça da sala de estar,
Toco na janela e abro a porta, espero-a no jardim,
Pois sei que Deus espera por mim no final do trilhado,
Caminho procurando a libertação do coração (algemado)
Quanto a quem amei um dia, sempre haverá espaço,
Para a ver quente e feliz, haja chuva ou faça Sol,
Suspiro este desabafo ansiando o seu regaço,
Tão formoso de ter e de ver tal pétala de girassol
Pois sei que Deus espera por mim no final do trilhado,
Caminho procurando a libertação do coração (algemado)
Algemado a si mesmo, sem poder bater
É o fardo de quem, partiu para o além, mas não é chegada,
Algemado a si mesmo, sem conseguir viver,
Há que procurar mais, para não ter uma vida abreviada,
Os castelos de areia feitos no ar, difíceis de fazer,
Não receio a morte nem a bruma que um dia virá,
Pois até a esse momento estou sedento por viver!
Procuro o Inteiro, desejo o prometido e pretendo-o já!
Pois sei que Deus espera por mim no final do trilhado,
Caminho procurando a libertação do coração (algemado)
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7. |
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Sustenta o fôlego, vêm as folgas entre o pavimento
São aprendizagem feita pelo instante, o momento, é o momento
Aqui, não o deixes passar, só assim existe amor
E com partilhado pincel pintamos com vera cor,
O suspiro de uma criança pode ser a infinda dança,
O suspiro de uma criança pode ser, pode ser
Com asas nos pés descalços, a fonte há-de surgir
De dedos esticados e olhar aberto neste sentir,
Por isso beijo o chão após nele aterrar,
A distância entre todos nós há-de assim encurtar,
O suspiro de uma criança pode ser a infinda dança,
O suspiro de uma criança pode ser, pode ser
Pois esta valsa é perfeita, tal beijo dado na testa
Da criança que lá fora brinca desatenta ao mundo, e o mundo
É ela, uma de milhares de vozes que o tempo empresta,
Ouço-a melhor que vós vos ouvis a vós pois no fundo
O suspiro de uma criança há-de ser a infinda dança,
O suspiro de uma criança há-de ser, há-de...
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8. |
Porções De Um Beijo
02:48
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Oh meu amor, já perdemos as palavras
E o beijo, e o toque, e um bocadinho de mim
Este tempo é o espaço,
que não nos é pertença
Percorrido foi o tempo,
do passeio e veio a despedida….
Oh meu amor, já perdemos as palavras
E o beijo, e o toque, e um bocadinho de mim
Na mente ainda sombreada
por passadas aventesmas
percorro e corro
apanhada pelas lembranças…
Oh meu amor, já perdemos as palavras
E o beijo, e o toque, e um bocadinho de mim
E o beijo, e o toque, e um bocadinho de mim
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9. |
De Ano Em Beijo
03:19
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É a ausência de oração, falta de ar,
Que por vezes é o próprio coração
Dança, dança por dois neste olhar,
Há vezes em que é asas sem avião,
Tentando ir esperando um dia chegar
Com passos conferidos no ladrilhado,
A destreza da queda é o assoprar
O horizonte nestas plumas esvoaçado,
Foi por aqueles passageiros que trouxe o peito ao convés,
A marcha solitária, serei o barco, serei o céu e as marés
De ano a ano,
Divinas, eternas,
Imaculadas pela sombra que é o humano,
Beijo em beijo
Divino, eterno
Assim subentendo este almejo
Nesta batalha, neste pelejo
Assim me ergo da escuridão
… do coração
Por campos de neve existe um palpitar,
O sufrágio para um tempo sem espaço,
De quando havia uma metade, um respirar,
O floco era quebrado por um abraço,
Este é só um poema p’ra passagem,
Ressonância com seus nomes e apelidos,
Os ossos engolidos desta viagem
São campo de batalha p’rós mortos e feridos,
Foi por aqueles passageiros que trouxe o peito ao convés,
A marcha solitária, serei o barco, serei o céu e as marés
De ano a ano,
Divinas, eternas,
Imaculadas pela sombra que é o humano,
Beijo em beijo
Divino, eterno
Assim subentendo este almejo
Nesta batalha, neste pelejo
Assim me ergo da escuridão
… do coração
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10. |
Porções De Um Beijo II
03:22
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Oh meu amor
Passou tanto tempo
Palavras entretanto ditas
Foram levadas pelo vento
Saudades desse sorriso
Delicado e inocente,
Diz-me por favor o que é preciso
Para o ver novamente
Pois a noite é passageira
No olhar de quem não a vê
E eu a teus pés desta maneira
Tal crente que em si não crê
Diz me, diz me
É isto o amor?
Diz me, diz me
Ou apenas dor?
Diz me, diz me
O que é este ansejo?
Diz me, diz me
Apenas porções de um beijo…
Oh meu amor
Eu desabrigo sem lugar,
A primavera daqui fugiu
E ainda não a fui buscar
Saudades da mão na mão,
De estrelas no caminho
Mas parou o coração
E ficou tão sozinho
Pois a noite é passageira
No olhar de quem não a vê
E eu a teus pés desta maneira
Tal crente que em si não crê
Diz me, diz me
É isto o amor?
Diz me, diz me
Ou apenas dor?
Diz me, diz me
O que é este almejo?
Diz me, diz me
Apenas porções de um beijo…
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11. |
O Apostata
05:31
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Pérolas e laços, máscaras e confetes,
Sou submerso no topo da montanha eu sou o,
Beijo de adeus e vem o genocídio…
A instituição pr’ó fundo da algibeira,
E Deus fala com a nossa voz e murmura:
Pois só assim se criam escadas pr’ó céu e lá vou Eu,
Deste momento pr’ó próximo", e o resto… oh meus irmãos...
É prescindível…
É preciso abanar as fundações do que é confortável - queimem todos os templos sem deuses dentro!
É preciso montar escadas para o Céu, tu e eu, aceitar o impermanente e ir em frente…
É tentar indo esvoaçar com asas próprias,
Auréolas rotas, os homens do clero pecando
Passam cestos de pensamentos e orações… afinal perdidas,
As sobras de meias vidas…
E Deus aparece no espelho pois os anjos,
Da casa de deus que promete absolvição então,
Por favor larguem essa pele, erguer-vos… do cadáver é preciso,
É o único sorriso…
É preciso abanar as fundações do que é confortável - queimem todos os templos sem deuses dentro!
É preciso montar escadas para o Céu, tu e eu, aceitar o impermanente e ir em frente…
É preciso lutar, tocar o Sol a esbracejar, rumo à ponte do horizonte – com claves de lábios na fronte,
É preciso amar, mesmo a falhar, devemos tentar e reaprender, atento ao momento, momento final.
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Joel Nachio Porto, Portugal
Portuguese singer and songwriter who plays a repertoire of original compositions influenced by world music sonorities with elements of african and brasilian music...
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